Embriologia I
A Embriologia estuda o conjunto de transformações que se processam num organismo em desenvolvimento, desde a formação da célula-ovo ou zigoto até o nascimento. Uma vez que já estudamos a fecundação, vamos considerar agora cinco tópicos: tipos de óvulo; segmentação ou divisão da célula-ovo; gastrulação e constituição dos folhetos embrionários; organogênese ou formação dos órgão animais; anexos embrionários.
Tipos de óvulo e ocorrência:
Os óvulos são gametas femininos que serão classificados em função das diferentes quantidades de vitelo(reservas nutritivas) e das suas variadas formas de distribuição no interior do citoplasma. Essas duas características determinam aspectos diferentes no desenvolvimento embrionário.
- Oligolécito:
Os óvulos oligolécitos, isolécitos ou alécitos apresentam pequena quantidade de vitelo, distribuído de maneira mais ou menos uniforme no citoplasma. Nos mamíferos podem ser chamados de metalécitos.
- Heterolécito
Óvulos telolécitos com diferenciação polar incompleta, heterolécitos ou mediolécitos apresentam quantidade média de vitelo com distribuição desigual nos dois polos citoplasmáticos. No polo animal, onde se localiza o núcleo, a quantidade de vitelo é menor que no polo vegetativo.
- Telolécito
Nos óvulos telolécitos com diferenciação polar completa ou megalécitos, há grande quantidade de vitelo. No polo animal encontra-se o núcleo e o citoplasma e no polo vegetativo concentra-se o vitelo.
- Centrolécito
Os óvulos centrolécitos concentram uma parte do seu vitelo no centro do citoplasma, ao redor do núcleo e a outra parte na periferia citoplasmática.
Segmentação ou clivagem
A partir do zigoto, as mitoses vão formando blastômeros, que são células indiferenciadas. Esse período vai até a formação da blástula. Nos óvulos oligolécitos e heterolécitos ocorre também a passagem por um estágio intermediário que é a mórula.
No estágio de blástula o embrião apresenta-se uma camada de células (blastoderme) que envolve uma cavidade central (blastocela)
A segmentação depende da quantidade de vitelo e sua respectiva distribuição:
a) Segmentação total ou holoblástica.O zigoto faz divisão total, por apresentar pequena quantidade de vitelo. Essa segmentação pode ser:
- total e igual = aquela em que os blastômeros resultantes têm igual tamanho. Ocorre em ovos oligolécitos, como o dos equinodermos (ouriço-do-mar).
- total e desigual = caracterizada por apresentar blastômeros de tamanhos diferentes. Formam-se blastômeros de pequeno tamanho ou micrômeros e blastômeros de maior tamanho, os macrômeros. Essa forma de segmentação ocorre em ovos heterolécitos.
b) Segmentação parcial ou meroblástica.O zigoto realiza divisão parcial. Ocorre nos ovos com muito vitelo. Nesse caso o polo vegetativo, onde se localiza o vitelo, não entra em divisão. Essa segmentação pode ser de dois tipos:
- parcial discoidal = ocorre em ovos megalécitos, como em répteis e aves. A segmentação atinge apenas a região do polo animal.
Os blastômeros resultantes dessa segmentação formam um disco denominado blastodisco, a partir do qual posteriormente se formará o embrião.
- Parcial superficial = ocorre nos ovos centrolécitos, como os dos insetos. O núcleo vai se dividindo sucessivamente e os núcleos resultantes migram para a periferia do ovo. Nesse local são formadas as membranas celulares, apresentando-se uma camada de células, a blastoderme, que envolve a cavidade central.
Gastrulação
Gastrulação é o nome do processo pelo qual ocorre uma invaginação nos tecidos do embrião, formando os folhetos embrionários. Em humanos, a gastrulação dá origem a um disco embrionário com três lâminas, ou três folhetos germinativos: endoderma, mesoderma e ectoderma, sendo caracterizados como triblásticos.
O endoderma dá origem aos tecidos de revestimento do sistema digestório, respiratório e às células de glândulas de órgãos como o fígado e pâncreas.
O ectoderma origina o sistema nervoso e a epiderme.
O mesoderma origina quase todo o restante.
Durante a gastrulação há a formação da notocorda e o embrião recebe o nome de gástrula.
Em humanos, na terceira semana forma-se a linha primitiva, que é um acúmulo de células do epiblasto e sua extremidade anterior forma o nó primitivo, evidenciando um eixo cefálico-caudal. A partir das células da linha primitiva formam-se as células do mesênquima, que origina o mesoderma. O epiblasto origina o ectoderma e o hipoblasto origina o endoderma.
A notocorda começa ser formada quando algumas células do mesênquima migram na região do nó cefálico e crescendo entre o mesoderma e o ectoderma.
Na região caudal da linha primitiva forma-se a membrana cloacal, que dará origem ao ânus.
A linha primitiva degenera, porém se persistir em humanos dá origem a um tumor chamado teratoma.
Por volta da segunda semana forma-se o alantóide, que tem função na atividade respiratória e é local para armazenar urina de embriões de répteis, aves e alguns mamíferos. Em humanos está relacionado com o desenvolvimento da bexiga urinária.
Na gastrulação também temos a formação do arquêntero, que pode se chamado de intestino primitivo, e a formação do blastóporo, que é o ponto de invaginação da gastrulação.
Em alguns animais, o blastóporo dá origem à boca, e são chamados de protostômios. Quando o blastóporo dá origem ao ânus, são chamados de deuterostômios.
Organogênese
A Organogênese é o processo de desenvolvimento no qual os três folhetos embrionários se diferenciam e dão origem aos órgãos internos do organismo.
Os Três Folhetos Germinativos (ectoderma, mesoderma e endoderma) que dão origem a todos os órgãos e tecidos são formados durante a Gastrulação.
Alguns derivados dos folhetos germinativos são (Figura 4):
Ectoderma: sistema nervoso central e periférico; epitélios sensoriais do olho, da orelha e do nariz; epiderme e anexos (unhas e pelos); glândulas mamárias; hipófise; glândulas subcutâneas; esmalte dos dentes; gânglios espinhais, autônomos e cranianos ( V, VII, IX, X ); bainha dos nervos do sistema nervoso periférico; meninges do encéfalo e da medula espinhal.
Mesoderma: tecido conjuntivo; cartilagem; ossos; músculos estriados e lisos; coração; vasos sanguíneos e linfáticos; rins; ovários, testículos; ductos genitais; membranas pericárdica, pleural e peritonial; baço e córtex das adrenais.
Endoderma: revestimento epitelial dos tratos respiratório e gastrointestinal; tonsilas; tireóide e paratireóides; timo, fígado e pâncreas; revestimento epitelial da bexiga e maior parte da uretra; revestimento epitelial da cavidade do tímpano, antro timpânico e da tuba auditiva.
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